Vamos, não chores / A infância está perdida / A mocidade está perdida / Mas a vida não se perdeu
Baixar Mais Tocadas: letras de Carlos Drummond de Andrade
Não serei o poeta de um mundo caduco / Também não cantarei o mundo futuro / Estou preso à vida e olho meus companheiros / Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças
Quando nasci, um anjo torto / Desses que vivem na sombra / Disse: Vai, Carlos, ser gauche na vida / As casas espiam os homens
João amava Teresa que amava Raimundo / que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili / que não amava ninguém. / João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Que pode uma criatura senão / Entre criaturas, amar? / Amar e esquecer, amar e malamar / Amar, desamar, amar?
Os desiludidos do amor / Estão desfechando tiros no peito / Do meu quarto ouço a fuzilaria / As amadas torcem-se de gozo
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. / Minha mãe ficava sentada cosendo. / Meu irmão pequeno dormia. / Eu sozinho menino entre mangueiras
Por que Deus permite / Que as mães vão-se embora? / Mãe não tem limite / É tempo sem hora
O homem, bicho da terra tão pequeno / Chateia-se na terra / Lugar de muita miséria e pouca diversão, / Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Não, meu coração não é maior que o mundo / É muito menor / Nele não cabem nem as minhas dores / Por isso gosto tanto de me contar