Na igreja de Santo Estêvão / Junto ao cruzeiro do adro / Houve em tempos guitarradas / Na igreja de Santo Estêvão
Baixar Mais Tocadas: Fernando Maurício
Cantar o fado é condão / Que já vem dentro de nós / É ter voz, ter coração / E ter coração na voz
Nasci talhado de fado / Cresci no tempo a correr / Sem direito de sonhar; / Não parei no meu passado
Fui dizer-te adeus ao cais / Levado p’lo sentimento / Que guiava os passos meus; / Não devo sentir jamais
Voltei ao cais da partida / Voltei e sinto que sonhei / Que voltavas nesse dia; / E que trazias a vida
Fui à Feira da Ladra, a mais bizarra / Das feiras com a marca do passado, / E vi num ferro-velho uma guitarra / De tampo, sujo, negro e desgrudado!
É tão bom ser pequenino, ter pai, ter mãe, ter avós / Ter esperança no destino, e ter quem goste de nós / Vem cá José Manuel, dás-me a graciosa ideia / De Jesus da Galileia, a traquinar no vergel
Aqui, em cada fado, há uma flor / No canteiro da alma de quem canta / Aqui, cada guitarra embala a dôr / Quando á noite, a saudade se levanta
Eu fui a voz, aquela voz dolorida / Cantando a sós com a solidão da vida / Mas sei que em mim há um lado transparente / Que é um generoso abraço entre mim e a minha gente
Perdoa-me, oh minha mãe / Por ter saído de casa / Sem de ti me despedir / Gosto dela, sabes bem